sábado, 29 de dezembro de 2012

Paulo de Tarso e os Olimpianos

Paulo era um comunicador e tanto. Lendo suas cartas aos amigos e às igrejas e também os relatos de Lucas em Atos, vemos sua destreza, inteligência e habilidade na hora de falar com cada tipo de público. Ele falava sobre sentimentos, mas também falava racionalmente. Fazia incríveis discursos com paixão e razão. Um dos meus episódios preferidos é seu discurso em Atenas, onde ele deu uma aula de como falar sobre o Deus das Escrituras aos inteligentes gregos, que então tinham seus altares, templos e arte refinada dedicada aos deuses do Olimpo e também seus filósofos.

Paulo, antes de ir a Atenas já tinha viajado bastante pelo mundo e já se encontrara antes com o pessoal do Olimpo. Em Listra, devido a alguns milagres que ocorreram e ao dom da palavra, Paulo e Barnabé foram considerados deuses pelos gregos. Naquela época, já sob domínio romano, Zeus era Júpiter e Hermes, Mercúrio. O pessoal de Listra dissera:
- Os deuses, em forma de homens, vieram a nós!
E acharam que, por seu porte nobre, Barnabé era Júpiter e Paulo, por ser o portador da mensagem, era Mercúrio.
Passaram por muitas cidades, e em Beréia depararam-se com um povo receptivo e mente aberta que estudou as Escrituras de forma ávida, mas encontraram – novamente – judeus que ainda não aceitavam a mensagem de Cristo e incitavam os gregos contra Paulo – e ele quase havia morrido apedrejado e fora preso uma vez com seu amigo Silas.
Para preservar a vida dele, enviaram Paulo para Atenas para depois o alcançarem.
Lá ele começou a se sentir entediado, mesmo diante das maravilhas da arte diante dos seus olhos. Passeou por templos, e pregou nas sinagogas com judeus e gregos receptivos, mas foi nas praças, junto aos filósofos que se meteu no meio dos atenienses.
Começou a discutir sobre Cristo e as Escrituras com os estudiosos e obviamente, espalhou-se na cidade a notícia de que havia um homem falando sobre teorias e religiões esquisitas. O pessoal que o acompanhava o advertiu a não falar muito para não ter que beber cicuta como tinha acontecido a Sócrates.
Mas Paulo era meio teimoso e continuava discutindo. Afinal, a mensagem que tinha era mais importante e era o que queimava dentro dele.
Em seus passeios pela cidade viu altares para os deuses. Atena estava em toda parte sendo engrandecida por sua sabedoria.
Paulo conhecia bastante a cultura Greco-romana e já havia lido muito de sua literatura, e andando por meio dos altares, pensava em como falar sobre o Deus que havia aparecido a Ele para aquele povo tão convicto da sabedoria que tinha.
Então se deparou com algo curioso. Um altar sem imagem onde estava escrito no rodapé: “Ao Deus Desconhecido” Este não habita o Olimpo e protege um estranho povo que habita as regiões Palestinas.
Então teve um insight e saiu a procurar o pessoal na praça. Achou estranho quando olharam estranhamente para ele e disseram:
-Bem, parece que querem te ouvir no Aerópago!
O coração de Paulo disparou. O Aerópago era onde se reuniam os grandes para filosofar e julgar causas. Seria sua oportunidade de ouro.
Lá perguntaram que doutrina era aquela que ele ensinava.
Então Paulo fez um dos mais belos discursos que já vi falando a respeito de Deus.
Parafraseei tal discurso abaixo:
- Senhores atenienses! Andei passeando por sua cidade e já li muito dos seus poetas e filósofos e percebo em vocês um lado religioso muito forte. Tanto que passeando por entre os altares dos seus deuses vi um dedicado AO DEUS DESCONHECIDO.
Pois é exatamente este que vocês adoram sem conhecer que eu anuncio!
“Vi altares para Zeus ou Júpiter, que chamam Senhor dos Céus, li sobre  Poseidon ou Netuno, senhor dos mares e sobre o mundo inferior governado por Hades ou Plutão, assim como sobre a poesia, arte e o sol que atribuem a Apolo, as caças de Artemis ou Diana, a sabedoria de Atena ou Minerva, o zelo de Hera ou Juno pelos casamentos, sobre o governante das guerras Ares ou Marte, sobre o mensageiro Hermes ou Mercúrio – com o qual já fui até confundido... Ouvi falar sobre Ceres ou Demeter e suas colheitas, e também sobre Dioniso ou Baco, deus do vinho.
“Mas vos afirmo que o Deus Desconhecido criou o Céu, o Mar e a Terra, que domina as tempestades e os raios, ele controla o mar e só ele tem as chaves da morte e da vida. Dele vem a ideia, o movimento, a cor, a rima, o tom, o amor, o sonho e a Quimera! Dele é o poder sobre os animais e dEle vem a sabedoria, Ele casou-se com seu povo e instituiu o casamento, Ele que permite ou não que as guerras aconteçam e designa seus servos para espalharem a mensagem que quer que saibamos. É dele o semear e o ceifar e são dele as vinhas.
“Este Deus que a tudo criou e governa não habita em santuários e templos feitos por mãos humanas por mais belos e refinados que sejam, e nem precisa que o sirvamos ou sacrifiquemos a ele pois Ele mesmo É e o seu nome YAHVEH é a nossa respiração, nossa vida e tudo o mais.
“De apenas um fez toda a raça humana e sua diversidade para habitar a terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites de sua habitação para buscarmos a Ele, que não estando longe de nós, até tateando podemos achá-lo. Pois é nEle que vivemos, e nEle nos movemos e nEle existimos, e como alguns dos seus poetas disseram: Dele também somos geração.
“E sendo geração de Deus, não devemos pensar que Ele está na pedra, no ouro, na prata, trabalhados pela arte e imaginação do homem. Ele não se parece nem mesmo conosco, em nossas falhas e limitações.
“E ele não leva em consideração o tempo em que era desconhecido a vocês, mas agora que o apresentei oficialmente como YAHVEH, Deus Supremo, Criador, Onipotente, Onisciente e Onipresente, ele apela para que todos os homens se voltem a Ele, a fonte ÚNICA de toda a vida, pois Ele estabeleceu um dia em que exterminará toda morte e tristeza e há de julgar a quem tiver escolhido entre a vida e a morte, por intermédio do Deus feito homem a quem concedeu sua glória e que morreu e ressuscitou dentre os mortos para restaurar a vida.”
Durante esse tremendo discurso, todos ficaram boquiabertos diante da oratória e do conhecimento que Paulo tinha sobre sua cultura e filosofia. Obviamente quando ouviram falar de ressurreição disponível mesmo a quem não habitava nos campos Elíseos, muitos zombaram dEle – afinal, quem já havia deixado o Mundo Inferior sem um preço?
Então disseram:
-Discurso muito bom e convincente, mas esse papo de ressurreição não convenceu, mas queremos te ouvir sobre isso outra hora.
Retirando-se do Aerópago, Paulo pensava que havia feito sua parte. Poucos conseguiram abandonar seus ídolos de opinião para se juntarem ao altar do Deus Desconhecido, mas alguns se juntaram a ele, inclusive um dos grandes aeropagitas chamado Dioniso e também uma bela e inteligente mulher chamada Dâmaris.
Eu observo o quanto Paulo foi inteligente ao abordar com tanta propriedade as crenças dEles e apresentou a Verdade na qual se segurava com firmeza. Creio que não preciso comentar a respeito. Temos muito a aprender com esse episódio dos Atos dos Apóstolos.

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