segunda-feira, 12 de agosto de 2013

10 canções para quem não gosta de música cristã ouvir


Criou-se uma cultura – principalmente brasileira – de relacionar tudo o que vem do cristianismo como cafona, fora de moda, careta e pouco artístico.
Ouve-se comentários de que só existe música cristã ruim, que só falam a mesma coisa com os mesmos termos, que o estilo musical é ruim e tal.
A verdade é que, pra começar, não existe um estilo musical especificamente cristão.

Falando de cultura brasileira, temos um estilo específico e mais difundido que é geralmente relacionado ao pentecostalismo, que tem nomes expressivos e conhecidos como Aline Barros, Fernanda Brum, Regis Danese, Jamily. Esse é o gospel brasileiro. Nos EUA, de onde veio o termo, o gospel é bem diferente do daqui e é um estilo musical bem ligado à música Black, e intimamente relacionado com negro spirituals, jazz, blues, soul music, dentre outros.
Outra vertente da música cristã brasileira, é a que herdamos dos cristãos europeus. Essa vertente é um pouco menos popular, menos conhecida, mas ainda assim com uma história forte. A cultura européia cristã trouxe um esmero pouco visto para fazer música. É difícil você encaixar as músicas compostas por essa vertente em um estilo específico, pois apesar de inicialmente flertar com o erudito, são músicas livres de rótulos e feitas por músicos. Por isso, são compostas com excelência, sem, porém se encaixarem num estilo definido ou ser feita com instrumentos específicos de um estilo (as ressalvas quanto a instrumentos são culturais).
Mais recentemente, a música cristã se permitiu abrir o leque para estilos brasileiros que antes eram tidos como inadequados, como MPB, rock nacional, samba e mesmo sertanejo. O resultado é satisfatório e os artistas cristãos da música popular têm tanto talento quanto os artistas seculares – alguns até mais, devido à cultura da teoria musical dentro do cristianismo.
Para mostrar esse pouquinho além da música cristã, listo abaixo 10 músicas cristãs brasileiras de estilos completamente diferentes uma da outra, imperdíveis, seja por seu esmero artístico, pela sua linguagem inteligente, jogos de palavras ou veia cultural marcante - e lembre-se, você não gostar, não significa que é ruim, ouça com a mente aberta.

1 – Casa Grande (Regina Mota)

Marcada por traços brasileiros e arranjos inteligentes e temáticos, Casa Grande utiliza com propriedade a cultura e a história brasileira fazendo um paralelo genial entre a escravidão no Brasil e como a história bíblica da redenção nos afeta (essa música está no 4shared, pois não conseguir achar nenhum vídeo no UTube).


2 – Memórias de um Narciso (Lorena Chaves)

Falando de escravidão, Lorena Chaves na alternativa “Memórias de um Narciso” nos carrega por uma intensa confissão da natureza humana egoísta, ao mesmo tempo em que sutilmente nos apresenta a uma das verdades cristãs mais fundamentais.


3 – Rookmaaker (PalavrAntiga)

Escolhendo ícones culturais para estabelecer um interessantíssimo paralelo entre "secularismo" cultural e “teocracia individual”, a banda de rock nacional PalavrAntiga utiliza de elementos que exijam um conhecimento geral alto ou obriga o ouvinte a pesquisar o sentido do paradoxo ali estabelecido. Genial!



4 – Jamais (Felipe Valente)

Demonstrando uma perícia vocal e musical indiscutíveis, Felipe Valente trata com propriedade teológica e filosófica de um assunto que mesmo os bem resolvidos se incomodam: O tempo e a morte. A música foi lançada em seu segundo cd solo em 2009 e regravada por Leonardo Gonçalves em seu álbum ‘princípio e fim’ de 2012.


5 – Ele Virá (Leonardo Gonçalves)

Utilizando-se de um pop rock com sinfonias muito bem executadas, Leonardo fala incisivamente sobre algumas verdades bíblicas e como a sociedade tem tratado tais verdades. A música também conta com uma versão acústica. Ambas as versões foram gravadas para seu segundo CD, Viver e Cantar, gravado pela Novo Tempo.

6 – A Beleza do Rei (Stênio Marcius)

Com perícia e simplicidade, Stênio Marcius (gênio letrista), cria uma música de adoração e declaração extrema de devoção a Deus com uma mistura improvável mas bem casada de baião, samba do recôncavo e música mineira.


7 – O Pouco Tempo que Vivi (Alessandra Samadello feat. Sérgio Saas)

Numa música deliciosa de ouvir, um dueto muito bem feito e cheio de feeling e que fala de uma questão que passa pela cabeça de todos: o que vou fazer agora? Como vou resolver tudo?
Então, numa paráfrase poética e artística de Mateus 6 e os lírios do campo, eles cantam sobre viver um dia por vez.


8 -  17 de Janeiro (Os Arrais)

Intimista, ao mesmo tempo falando de fé e nosso relacionamento com ela, “17 de Janeiro” ganha pontos por falar de verdades simples de forma simples e modesta, mas é extremamente poética e artística. Música calma, um indie folk quase apenas voz e violão. Linda. Versão ao vivo abaixo.



9 – Nosso Lar Não é Aqui (Novo Tom)

Quase um protesto social, essa música traz a genialidade esperta em sua intro, onde ouvimos crianças cantando o refrão da música, como uma esperança e ao mesmo tempo um lamento pela situação atual do mundo. Uma verdade fundamental do cristianismo apresentado por um dos grupos mais minuciosos tecnicamente no Brasil, a musica demonstra a perícia vocal, instrumental e de arranjos do grupo, dirigido por Lineu Soares.


10 – Sinta o Amor (Vocal Play)

Pouquíssimos grupos de música vocal a capela brasileiros podem ser comparados aos americanos em termos de qualidade. Um desses pouquíssimos é o Vocal Play. Com 5 rapazes usando as vozes, as cordas vocais e as caixas torácica e craniana para produzir harmonia vocal e imitações incríveis de instrumentos, o Vocal Play apresenta de forma simples e direta, mas bem executada as crenças do cristianismo com harmonias complexas e bem elaboradas.
Abaixo um pequeno clipe que mostra apenas um pouquinho do talento dos caras:


Existem muitas outras músicas que eu poderia incluir nessa lista, mas 10 acho que já está muito para quem não gosta. Mas saiba que existe música boa cristã passeando por todos os estilos musicais brasileiros ou não, que além de bem executadas musicalmente, tem letras claramente cristãs, mas que conseguem ser poéticas, bem escritas e inteligentes, fugindo do clichê do worship e do pentecostal (sem desmerecer essas vertentes) e ao mesmo tempo alcançando nichos que não são alcançados pelo gospel mainstream.

Enjoy!

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